sábado, dezembro 31, 2005

Para ti.

Por ter percebido nos teus braços que até os mais crescido devem ser crianças. Que às vezes, racionalizar não é o mais inteligente... que às vezes vale a pena "arriscar o salto, voar". Porque há castelos na praia que mais niguém vê, até as gaivotas passam distraídas - elas não sabem o que é tremer, tremer muito, entre sofás, tapetes, jogos de palavras. Que mais ninguém percebe. Porque podemos contar segredos ao telefone, ao megafone, em plena rua, aos gritos; e se todos ouvirem?

Eles que ouçam. Eles que leiam. Aquilo não é um plágio, porque a verdade nunca é copiada (e poderias lá tu copiar o que é teu?)

Agora (e até lá.)

*
T.

fogodeartificio_champagne_passas

So this is the new year
and I don't feel any different

the clanking of crystal
explosions off in the distance
in the distance...

so this is the new year
and I have no resolution

it's self-assigned penance?
for problems with easy solutions

so everybody put your best suit or dress on
let's make believe that we are wealthy for just this once
lighting firecrakers off on the front lawn
as thirty dialogues bleed into one
I wish the world was flat like the old days
so I could travel just by folding the map
no more airplanes or speed-trains or freeways
there'd be no distance that could hould us back

so this is the new year

"The new year", Death Cab for Cutie

ou como diria alguém:
"o que vais vestir quando cresceres?"

Oh não, estamos um ano mais próximos de perder o privilégio das sapatilhas rasgadas e camisolas largas!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Munique

Vou comprar 250 câmaras e leitores de vídeo e dar 125 a crianças palestinianas e 125 a crianças isrealitas, de modo a que possam fazer filmes sobre as suas vidas - não dramas, apenas pequenos documentários sobre quem são e aquilo em que acreditam, quem são os seus pais, em que escola andam, o que comem, que filmes vêem, que CDs ouvem - e depois trocar os vídeos. É o tipo de coisa que pode ser eficaz, de modo a levar as pessoas a compreender que não há assim tantas diferenças a dividir isrealitas e palestinianos.

Steven Spielberg

A propósito do novo filme, Munique.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

japanese colours and covers

one night to be confused
one night to speed up truth
we had a promise made
four hands and then away

both under influense
we had demons in
to know what to say
mind is a razorblade

to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

one night of magic rush
the start of simple touch
one night to push and scream
and make believes.

ten days of perfect tunes
the colors red and blue
we had a promise made
we were in love

to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

and you, you knew you had to fight devil
and you, kept us away with wolf teeths
sharing different heartbeats
in one night

to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

heartbeats, The Knife

Quem faz a cover no anuncio da Sony Bravia é o José González. O Zé é um descendente de Argentinos que vive em Gothenburg, na Suécia. Tem 26 anos e ao contrário do que sugere o nome não é um toureiro barrigudo. Dá vonta de conhecer Veneer.

Como dizem no all music.com, "quiet is the new loud".

segunda-feira, dezembro 26, 2005

talking 'bout revolutions

Qual será a sensação de mudar o mundo, criar linguagens, hábitos e construir parte do imaginário mundial? Como sentem Jobs, Gates, Torvalds? A uns meses de novo salto (ou queda?), tem a sua piada pensar nas consequências de simplesmente chamar a um qualquer botão, que na verdade nem "existe", "iniciar". Digo isto porque o Windows 95 é o primeiro de que me lembro verdadeiramente... ainda instalado em diquetes de 3.5", ali começava uma endoculturação muito especial, até porque é quase invisivel de tão importante.

Onde alguns vêem um sistema operativo pesado, com demasiadas linhas de código para ser elegante, preso ao passado, pouco estável, peça central de um monopólio do mal; eu, na minha visão informato-ignorante, vejo uma espécie de milagre, que corre (mesmo que às vezes mal e porcamente) em tudo o que lhe dermos, que se instala mais facilmente do que muitos leitores de dvd e que não precisa de "quase" mais nada para funcionar. E que qualquer tipo com meio palmo de testa percebe em meia hora.

O linux é feito por tipos especiais para tipos especiais, e dá mais dores de cabeça durante a instalação e configuração do que o primeiro mês de windows. O mac os x é lindo de morrer, elegante como tudo, mas é feito a pensar "naquele" hardware e "naquele" software - e assim é muito mais fácil (e sim, eu *adoro* o ipod e morro por ter um mac). O bicho da microsoft tem de saber lidar com tudo, desde servidores de rede até computadores de escritório e máquinas de jogo para adolescentes. E isto parece uma espécie de milagre.

Mas ok, o mac os é lindo!

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Olha, o natal!


quando eu era puto tinha férias no natal... ah, a nostalgia...

happy faces everyone! pelo menos há prendas e bolos... :)

Prostituiertees

"If you don't take a job as a prostitute, we can stop your benefits"

A noticia pode já ter quase um ano e não sei o que aconteceu durante este tempo todo... mas de qualquer forma, não é engraçado? Uns "empregos" são mais iguais do que os outros? Ou será que devemos legalizar a prostituição mas só para "os outros"? Esta história fez-me pensar...

Donos de bordel (ok... chulos!) a recrutar nos centros de emprego... e eu que pensava que aquilo eram só filas chatas... (ah... aquela declaração de IRS deve ser uma marotice atrás de outra...)

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Neighborhood



álbum do ano?

Ou já não gosto de ti quando todos os outros te ouvem no rádio?

Por aqui não existem prazeres culpados e ainda há quem se encontre a cantarolar sozinho... i went out into the night, i went out to find some light. kids are swingin from the power lines, nobody's home so nobody minds...

domingo, dezembro 18, 2005

Yamoussoukro

"A dívida foi contraída na década de setenta e na primeira metade da de oitenta, quando o preço do cacau e do café consentia todos os sonhos e a Costa do Marfim se tornou o Eldorado de África. [...] O café desceu 25 por cento nos últimos quatro anos e, de repente, o país declarou-se insolvente, com uma dívida externa que representa cerca de 4000 contos por habitante e em que apenas os juros do total da dívida pública comem 45 por cento do PIB. [...] Ninguém sabe ao certo quanto custou o sonho arquitectónico de Houphouët-Boigny: a basílica de Nossa Senhora da Paz, em Yamoussoukro. [...] Oficialmente, a basílica não custou nada aos marfinenses: foi «uma generosa oferta do presidente ao povo do seu país». [...] É a mais alta, a maior, a mais espalhafatosa e a mais luxuosa igreja do mundo - maior do que Westminster, a Notre-Dame ou a Basílica de S. Pedro. Tudo isto no fica situado no meio de coisa nenhuma, surgindo como uma visão absurda para quem acaba de chegar por uma estrada que atravessa a floresta. Ao lado da basílica, apenas uma outra construção: o palácio construído especialmente para albergar João Paulo II por uma única noite: a noite de 10 de Setembro de 1990 quando, desprezando as críticas à ostentação de tudo aquilo, se dispôs a inaugurar e a abençoar a megalomania de Houphouët-Boigny. Apenas com o dinheiro gasto nas cerimónias de inauguração e com o palácio papal para uma noite, muitos milhares de crianças em África não teriam morrido de fome ou de falta de assistência médica nesse ano. É que, como escreveu Axel Munthe, para rezar a Deus, qualquer lugar serve; mas, para tratar os doentes, é preciso hospitais."

Miguel Sousa Tavares, A Costa dos Espíritos, Sul

Isto, num país onde os catolicos não são mais de 25 por cento da população. 300 milhões de dolares e a promessa de um hospital construído na proximidade. A primeira pedra continua no solo, isolada, colocada de forma a convencer João Paulo II a inaugurar a coisa em 1990. Num dos vitrais da basílica surge Houphouët-Boigny, na altura presidente da Costa do Marfim, e o génio generoso por trás de tudo isto, representado como o 13º apóstolo.

domingo, dezembro 11, 2005

A Sega está de volta...

fantástico...

http://www.segalabs.com/

Outras linguagens


Jonas Bendiksen, Norway, Magnum Photos for Geo Germany/Vanity Fair.
The fall of the Soviet Union officially gave rise to 15 new countries, but political and ethnic disparities as well as arbitrary border delineation have lead to a group of unrecognized states. Some of these ghost republics have physical borders, others are the products of separatist dreams - but they remain cut off from the rest of the world, deprived of the certainties of the old Soviet order.

Esta foto está protegida por copyright, e fazer dela contrabando é realmente um crime de que me sinto culpado. Por favor, visitem www.worldpressphoto.nl e comprem o livro.

Parece uma fábula, não é? Ou um videoclip dos Sigur Rós. Por falar em outras linguagens, aqui está a fábula gémea desta foto, que me ocorreu enquanto procurava o sono - a faixa 2 do Ágætis Byrjun, chamada Svefn-g-englar (ou Sleepwalkers):

Ég Er Kominn Aftur
Inn I Þig
Það Er Svo Gott Að Vera Hér
En Stoppa Stutt Við
Eg Flýt Um I Neðarsjávar Hýði
A Hóteli Beintengdur Við Rafmagnstöfluna Og Nærist
Tjú Tjú
En Biðin Gerir Mig Leiðan - Brot Hættan Sparka Frá Mér
Og Kall A - Verð Að Fara – Hjálp
Tjú Tjú
Eg Spring Ut Og Friðurinn I Loft Upp
Baðaður Nýju Ljósi
Eg Græt Og Eg Græt – Aftengdur
Onýttur Heili Settur A Brjóst
Og Mataður Af Svefn-G-Englum

Ou (no mundo real):

I’m Here Again
Inside You
It’s So Nice In Here
But I Can't Stay For Long
I Float Around In Liquid Hibernation
In A Hotel Nourishing On The Electricity Board
Tyoowoohoo
But The Wait Makes Me Uneasy – I Kick The Fragility Away
And Shout – I Have To Go - Help
Tyoowoohoo
I Explode Out And The Peace Is No More
Bathed In New Light
I Cry And Cry - Disconnected
An Unused Brain Put On Breasts
And Fed By Sleepwalkers

Às vezes apetece não saber a que velocidade gira o mundo.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Simbólico

Vestígios
(Al Berto em Horto de Incêndios)

noutros tempos
quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
evenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas proibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavam
os líquenes das imundas máscaras

hoje
nenhuma palavra pode ser escrita
nenhuma sílaba permanece na aridez das pedras
ou se expande pelo corpo estendido
no quarto do zinabre e do álcool - pernoita-se

onde se pode - num vocabulário reduzido e
obesessivo - até que o relâmpago fulmine a língua
e nada mais se consiga ouvir

apesar de tudo
continuamos a repetir os gestos e a beber
a serenidade da seiva - vamos pela febre
dos cedros acima - até que tocamos o místico
asbusto estelar
e
o mistério da luz fustiga-nos os olhos
numa euforia torrencial

Obrigado.

domingo, dezembro 04, 2005

Twenty odd years


Working Class Hero

As soon as your born they make you feel small,
By giving you no time instead of it all,
Till the pain is so big you feel nothing at all,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

They hurt you at home and they hit you at school,
They hate you if you're clever and they despise a fool,
Till you're so fucking crazy you can't follow their rules,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

When they've tortured and scared you for twenty odd years,
Then they expect you to pick a career,
When you can't really function you're so full of fear,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

Keep you doped with religion and sex and TV,
And you think you're so clever and classless and free,
But you're still fucking peasents as far as I can see,
A working class hero is something to be,
A working class hero is something to be.

There's room at the top they are telling you still,
But first you must learn how to smile as you kill,
If you want to be like the folks on the hill,
A working class hero is something to be.
A working class hero is something to be.
If you want to be a hero well just follow me,
If you want to be a hero well just follow me.

John Lennon

Quando o fantasminha de mais uma época de exame se aproxima, quando o tempo não chega para nada, quando não entendes muito bem o sentido daquilo que é suposto dar algum sentido à tua vida - isto faz algum sentido.

Vendo as coisas por outro prisma, quando os nossos problemas são tão ridiculamente pequenos é bom ter hinos de outra pessoas. Faz sentir que toda a tua infantil preocupação não é em vão. Till you're so fucking crazy you can't follow their rules.

Ou seja, sou um grande perguiçoso, e isto de começar outra vez a estudar a sério dá cabo da moral... e o cinema? e os cafézinhos? ah? que raio de ensino é este que não me dá tempo para (me) perder? :)