segunda-feira, dezembro 27, 2010

Tenderly, tastefully



Antics: amusing, frivolous, or eccentric behavior.

Era um concerto deste gajos uma vez por semana e eu andava equilibrado.

Originalmente de Antics (Matador, 2004).

sábado, dezembro 25, 2010

Há limites, deves concordar.

Ou, inquieto, um dia acordo e descubro um tipo muito magro sentado na minha cama e sou eu, vejo-me a mim próprio a olhar-me, e com um ar nada agradável, de facto sarcástico e cheio de maldade nos olhos, sentado na borda da cama abano a cabeça para mim deitado, nunca pensei ver alguém a gozar tanto com a minha figura esquelética, muito menos eu, não devemos perder a capacidade de rirmos de nós próprios, mas há limites.
Há limites, deves concordar.
Nessas noites, tardes e manhãs em que penso, ninguém vê, sou um alucinado discreto e não deixo marcas, és um alucinado discreto que não deixa marcas, nem sequer na almofada, porque aprendeste a pensar em circuito fechado, com a experiência: as lágrimas saem juntas, descem pelas calhas do nariz e reentram na boca, como naquelas fontes ornamentais que vemos nas cidades, com um motor interno.

E se eu gostasse muito de morrer, Rui Cardoso Pires. Dom Quixote, 2006.

Há que respeitar um livro com um capítulo chamado "A puta da máquina". Putas de nuvens.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Em fragmentos

Oh damn I wish that I were
dead - absolutely non existent
gone away from here - from
Everywhere but how would I
There is always bridges - the Brooklyn bridge
But I love that bridge (everything is beautiful from there
and the air is so clean) walking it seems
peaceful even with all those
cars going crazy underneath. So
It would have to be some other bridge
an ugly one and with no view - except
I like in particular all bridges - there’s some
- thing about them and besides I’ve
never seen an ugly bridge.


Marilyn Monroe

Ela também era uma mulher bonita que combinava com a poesia.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Como poderia ser imenso?

E o sonho era tudo o que ficava para lá da serra de Bornes: as cidades que nunca veriam, as paisagens viçosas das províncias férteis da beira-mar, o oceano que lhes dizíamos ser imenso.
- Imenso como o céu? - perguntavam eles.
- Não. Diferente - respondíamos nós.
Carinhosos, sorriam a perdoar-nos a tolice. Se não era como o céu, como poderia ser imenso?


Ernestina. J. Rentes de Carvalho, Quetzal, 2001.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Coisas que se aprendem na escola, mas só mais tarde

"Julguei que isto era o fim e afinal é o princípio. Aquela fogueira, António, há-de incendiar esta terra!"

Felizmente Há Luar!, Luís de Sttau Monteiro, 1961.