sábado, janeiro 31, 2009
Obama's People
Nadav Kander fotografa as today's leading figures of America para o New York Times.
O resultado - Obama's People - são retratos de pessoas, o que não deixa de ser surpreendente.
O trabalho acaba por funcionar como uma colagem em forma de homenagem a The Family, que Richard Avedon fotografou para a Rolling Stone em 1976.
Já agora, Nadav Kander não sabe só fazer retratos fantásticos. Tem um trabalho maravilhosamente diversificado, sobre pessoas, as suas marcas de existência e até a sua ausência: percam tempo no site dele.
(Na foto, Tom Daschle, Health and Human Services Secretary).
via Creative Review
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Asleep in Siberia, 1973
David [Bowie] sleeping off a long night of boozing somewhere in Siberia, 1973. We drank cheap riesling wine and beer (peeva) with a bunch of soldiers we met the night before. They were friendly and inquisitive as to what life was like in the west, when we asked them what they did in the army they said they were in the construction unit.
Geoff MacCormack
via Bons Rapazes
Boa noite
Hoje Pedro parou o seu carro em frente ao mar onde sempre se viu chegar a esta cidade, inclinou o banco para trás, abriu a janela para sentir a chuva, depois fechou e adormeceu. Quando acordou, passava na rádio o "início da Recordação de Um Lugar Querido". E ele chorou. Agora dorme.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Simon and Jessica in the shower, Paris
Nan Goldin, 2001.
Nan Goldin is known for documenting her surrogate family of friends as they engage in intimate, uninhibited, or illicit activities. These unusually lit images are frank confrontations with personal experience, frequently presented in poses that mimic the styles of the fashion world.
terça-feira, janeiro 27, 2009
New York
revisto por Cat Power, Jukebox (Matador, 2008).
If you can make it there, you'll make it anywhere.
Nem eu tenho dúvidas, mas volta depressa.
(Se encontrares a artista por lá, fala de nós).
domingo, janeiro 25, 2009
Confort zones
"Probably the thing that irks me the most [in car design] is when I see this repetition of the known, because it shows people have comfort zones that are too tight to themselves and they’re really afraid to walk out of those. And then somebody comes up with a new idea, and then everybody follows that because their comfort zone has been expanded. The work that we’ve done in the last ten years has been about expanding those comfort zones."
Chris Bangle
via Objectified
Chris Bangle
via Objectified
Expo '85
Uma coisa de que me recordo da minha escola primária é que tinha muitos corredores que nunca utilizei. Havia andares inteiros aos quais (quase) nunca fui (a minha sala era no primeiro andar, à esquerda). Nos dias de chuva, as contínuas não nos deixavam sair e ficávamos para ali, como que presos no recreio interior, circulando entre o átrio e os corredores. Lembro-me de uma fase de berlindes, em que todos tínhamos embalagens de Nesquik (amarelas, com tampas vermelhas, já sem o papel, só as marcas da cola) cheias, pesadas. Estragávamos os bolsos dos casacos no inverno com aquele peso e a minha mãe ficava fula.
(Nos meses de sol, e porque a escola ficava junto a um parque, criávamos bichos-da-seda. Havia larvas com aspecto de doença, metamorfoses e umas borboletas muito feias, mas como aquilo me deslumbrava a minha mãe achava piada.)
Os outros corredores eram iguais ao meu. Havia cartazes ligeiramente diferentes nas paredes, algumas portas tinham desenhos (lembro-me de reparar que quase todas tinham puxadores diferentes). E no entanto, aquelas divagações em dias de chuva sabiam a transgressão. Como entrar no apartamento de um vizinho e reparar como as pessoas colocam as mesas em sítios ou orientações diferentes, como todos temos diferentes objectos mais ou menos inúteis em sítios mais ou menos iguais. Enquanto o vizinho procura as chaves da garagem de que nós nos esquecemos no carro, tentamos absorver o máximo daquelas diferenças mínimas - como uma pessoa que vive no mesmo país e cidade, que partilha contigo morada e algumas chaves, se consegue individualizar no meio de todas aquelas coincidências é para ti um mistério, mas ainda assim, procuras alguma revelação. Há ali uma espera ansiosa, um momento em que podes olhar em volta, apontando as diferenças. Obrigado pela chave, volto já, vou só buscar a minha ao carro, que distraído que eu ando. Visto à distância, quantas pessoas assim tão diferentes podem existir num prédio na Roménia, todos romenos, todos a viverem (até) no mesmo prédio. A distância torna ridícula a comparação, são todos iguais, são todos romenos, vivem até todos no mesmo prédio. E ainda assim, eu ficava deslumbrado com um corredor que se distinguia do meu por alguns cartazes e puxadores de portas. Por marcas de obras, tintas de tons ligeiramente diferentes, sobrepostas.
Eu hoje fico deslumbrado por chávenas de café quase tão cheias como a minha. Fico muito curioso com as coincidências que não parecem ter outra explicação que não a banalidade das vidas de quem nelas repara e fica destroçado quando alguém revela a intencionalidade da sua organização. Falo a sério, como adoro a forma como as coisas, entregues às pessoas, parecem adquirir uma forma particular de se organizar. Como corredores gémeos numa mesma escola de uma cidade pequena podem parecer diferentes aos olhos de uma criança, só porque são habitados por pessoas iguais a ela e isso parece fazer toda a diferença. À distância certa.
À distância certa fica o deslumbre, se arriscares sentes o cheiro.
(Nos meses de sol, e porque a escola ficava junto a um parque, criávamos bichos-da-seda. Havia larvas com aspecto de doença, metamorfoses e umas borboletas muito feias, mas como aquilo me deslumbrava a minha mãe achava piada.)
Os outros corredores eram iguais ao meu. Havia cartazes ligeiramente diferentes nas paredes, algumas portas tinham desenhos (lembro-me de reparar que quase todas tinham puxadores diferentes). E no entanto, aquelas divagações em dias de chuva sabiam a transgressão. Como entrar no apartamento de um vizinho e reparar como as pessoas colocam as mesas em sítios ou orientações diferentes, como todos temos diferentes objectos mais ou menos inúteis em sítios mais ou menos iguais. Enquanto o vizinho procura as chaves da garagem de que nós nos esquecemos no carro, tentamos absorver o máximo daquelas diferenças mínimas - como uma pessoa que vive no mesmo país e cidade, que partilha contigo morada e algumas chaves, se consegue individualizar no meio de todas aquelas coincidências é para ti um mistério, mas ainda assim, procuras alguma revelação. Há ali uma espera ansiosa, um momento em que podes olhar em volta, apontando as diferenças. Obrigado pela chave, volto já, vou só buscar a minha ao carro, que distraído que eu ando. Visto à distância, quantas pessoas assim tão diferentes podem existir num prédio na Roménia, todos romenos, todos a viverem (até) no mesmo prédio. A distância torna ridícula a comparação, são todos iguais, são todos romenos, vivem até todos no mesmo prédio. E ainda assim, eu ficava deslumbrado com um corredor que se distinguia do meu por alguns cartazes e puxadores de portas. Por marcas de obras, tintas de tons ligeiramente diferentes, sobrepostas.
Eu hoje fico deslumbrado por chávenas de café quase tão cheias como a minha. Fico muito curioso com as coincidências que não parecem ter outra explicação que não a banalidade das vidas de quem nelas repara e fica destroçado quando alguém revela a intencionalidade da sua organização. Falo a sério, como adoro a forma como as coisas, entregues às pessoas, parecem adquirir uma forma particular de se organizar. Como corredores gémeos numa mesma escola de uma cidade pequena podem parecer diferentes aos olhos de uma criança, só porque são habitados por pessoas iguais a ela e isso parece fazer toda a diferença. À distância certa.
À distância certa fica o deslumbre, se arriscares sentes o cheiro.
sexta-feira, janeiro 23, 2009
quinta-feira, janeiro 22, 2009
quarta-feira, janeiro 21, 2009
terça-feira, janeiro 20, 2009
João Aguardela
Todo o amor do mundo não foi suficiente, A Naifa, 3 Minutos Antes de a Maré Encher (2006).
João Aguardela, um dos mentores d'A Naifa (e muito, muito mais, mas só isso era suficiente) morreu dia 18 de Janeiro em Lisboa.
No blog d'A Naifa, é isto que se encontra:
«os dias sem ti/ são todos iguais/ são dias sem brilho/ são dias a mais».
E arrepia.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
Everything we are
"To be modern is to find ourselves in an environment that promises us adventure, power, joy, growth, transformation of ourselves and the world - and at the same time that threatens to destroy everything we have, everything we know, everything we are."
Marshall Berman, All That Is Solid Melts Into Air
Marshall Berman, All That Is Solid Melts Into Air
domingo, janeiro 18, 2009
Safe From Harm
Massive Attack, Blue Lines (Virgin, 1991).
I was lookin' back to see if you were lookin' back at me
quinta-feira, janeiro 15, 2009
Ele tem sentido de humor
"Aqui há tempos o Tony Carreira dizia numa entrevista que tinha muita honra em ser português, porque somos só 10 milhões, não é para qualquer um. Ele pode escrever cantigas muito más, mas isto é mesmo verdade".
António Lobo Antunes
António Lobo Antunes
Sobre a beleza da insignificância
"Isn't it enough to see that a garden is beautiful without having to believe that there are fairies at the bottom of it too?"
Douglas Adams, Last Chance to See (Pan Books, 1991).
As discussões em que a arrogância me mete, acabam com uma boleia de volta a casa e um abraço, até amanhã. E isso é tudo o que resta.
Douglas Adams, Last Chance to See (Pan Books, 1991).
As discussões em que a arrogância me mete, acabam com uma boleia de volta a casa e um abraço, até amanhã. E isso é tudo o que resta.
terça-feira, janeiro 13, 2009
Want
"I want to know how it will end. I want to be sure of what it will cost. I want to strangle the stars for all they promised me. I want you to call me on your drug phone. I want to keep you alive so there is always the possibility of murder later. I want to be there when you learn the cost of desire. I want you to understand that my malevolence is just a way to win. I want the name of the ruiner. I want matches in case I have to suddenly burn. I want you to know that being kind is overrated. I want you to write my secret across your sky. I want you to watch you lose control. I want to watch you loose. I want to know exactly what it’s going to take. I want to see you insert yourself into glory. I want your touches to scar me so I’ll know were you’ve been. I want you to watch when I go down in flames. I want a list of atrocities done in your name. I want to reach my hand into the dark and feel what reaches back. I want to remember when my nightmares were clearer. I want to be there when your hot black rage rips wide open. I want to taste my own kind. I want to be wrapped in cold wet sheets to see if it’s different on the other side. I want you to come on strong. I want to leave you out in the cold. I want the exact same thing but different. I want some soft drugs… some soft soft drugs. I want to throw you. I want you to know I know. I want to know if you read me. I want to swing with my eyes shut and see what I hit. I want to know just how much you hate me so I can predict what you’ll do. I want you to know the wounds are self-inflicted. I want a controlling interest. I want to be somewhere beautiful when I die. I want to be your secret hater. I want to stop destroying you but I can’t. And I want and I want and I want and I will always be hungry. And I want and I want and I want."
O texto é a letra que Nicole Blackman escreveu para um álbum dos Recoil chamado Liquid (Mute, 2000). Era uma lembrança ao fundo, tem piada.
O texto é a letra que Nicole Blackman escreveu para um álbum dos Recoil chamado Liquid (Mute, 2000). Era uma lembrança ao fundo, tem piada.
Eu hoje, assim.
THE KILLS: NO WOW from kenneth cappello on Vimeo.
"No Wow", The Kills, No Wow (Rough Trade/RCA, 2005).
and all the people you see coming by to save you
you're make-believing-on in your mind
your eyes are holy rollin', looking, beating, knocking,
the ceiling gets closer to you all the time
this ain't no wow now, they all been put down, who ain't dead yet,
fled to die closer to the shore,
this ain't no wow no more
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Apartment Story
The National, Boxer (Beggars Banquet, 2007).
Talvez todos os problemas menores da minha vida sejam explicados pelo facto de eu me rever no tipo de olhar perdido a bater com a mão na mesa, mas ter um certo receio de ser o outro em cima do palco.
Tired and wired we ruin too easy
sleep in our clothes and wait for winter to leave
domingo, janeiro 11, 2009
sábado, janeiro 10, 2009
quinta-feira, janeiro 08, 2009
terça-feira, janeiro 06, 2009
"scarlet red lips"
It was shortly after the British Red Cross arrived, though it may have no connection, that a very large quantity of lipstick arrived. This was not at all what we men wanted, we were screaming for hundreds and thousands of other things and I don't know who asked for lipstick. I wish so much that I could discover who did it, it was the action of genius, sheer unadulterated brilliance. I believe nothing did more for those internees than the lipstick. Women lay in bed with no sheets and no nightie but with scarlet red lips, you saw them wantering about with nothing but a blanket over their shoulders, but with scarlet red lips. I saw a woman dead on the post mortem table and clutched in her hand was a piece of lipstick. At last someone had done something to make them individuals again, they were someone, no longer merely the number tatooed on the arm. At last they could take an interest in their appearance. That lipstick started to give them back their humanity.
(An extract from the diary of Lieutenant Colonel Mervin Willett Gonin DSO who was amongst the first British soldiers to liberate Bergen-Belsen in 1945. Source: Imperial War Museum.)
via Saturation.org
domingo, janeiro 04, 2009
Gaza Strip
An Israeli tank moves near the border with the northern Gaza Strip December 29, 2008. (REUTERS/Baz Ratner (ISRAEL)
via The Big Picture
Será errado procurar imagens deliberamente bonitas no meio de toda esta loucura?
via The Big Picture
Será errado procurar imagens deliberamente bonitas no meio de toda esta loucura?
sexta-feira, janeiro 02, 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)