domingo, setembro 25, 2005

Assim uma espécie de contra-cultura

"Vinicultuna de Biomédicas – tinto
(ou como perder todo o couro cabeludo em menos de uma semana)

Assim, sem se preceder por nenhum tipo de agoiro, a não ser uma ligeira náusea em meia dúzia de funcionários do Estado Novo, uma amálgama de gente de fardas academiformes entrou por ali a dentro e, retirando os gorros numa vénia, apresentaram-se. Ninguém se lembra muito bem do nome porque, além do 78 estar a passar na cordoaria a 130 km/h, a sala estava vazia. Só um veado embalsamado que agora já nem sequer está lá porque uma vez a Deolinda entornou-lhe sem querer um balde de lixívia nos cascos ao ponto da peça ter perdido qualquer interesse anatómico ou pedagógico que alguma vez possa ter tido. No entanto, e já na maca a caminho do Sto. António, o cervídeo sussurrou: “parece-me ter ouvido que os moços se chamavam pluricultura de biomédicas traço afeganistão”. O nome permaneceu incólume durante 3 ou 4 eras para ser adulterado nos fins de 1996 para Vinicultuna de Biomédicas – Tinto, por um bando de badamecos no piolho, um tasco ao lado do colégio onde na época estudavam (ou leccionavam [?]).
Desde então têm-se dedicado quase exclusivamente à prática da magia negra, exceptuando o Tó-Zé, que utiliza a magia verde. Encontram-se regularmente às 4tas feiras à noite para desafinarem os instrumentos e no resto da semana assaltam carrinhos telecomandados a crianças com mais de 23 anos e lançam piropos inocentes a raparigas culpadas pela dor, pelo vinho, pela vida, afinal.
Raramente são vistos a chorar pelos motivos certos. Costumam antes utilizar o riso para afugentar a tristeza de outras pessoas, chegando quase a consagrarem-se como fanfarra musical de eleições e funerais, não tivessem sido corridos a pontapé de uma câmara ardente lá para os lados de Vila-Pouca-de-Aguiar. Relativamente ao choro, guardam-no mais para o Outono, ou qualquer outra reunião de condições que acabe com as folhas a caírem das árvores.
Basicamente são uns bons rapazes que gostam de boas raparigas e poder beber uma boa dúzia de seven-ups com a malta do colégio assim ao fim dum dia de aulas. Adoram dar festinhas a cães e meter a língua na máquina de fazer rocas de açúcar. Detestam cheques pré-datados e raparigas que não façam arranjos de costura. Gostam mais ou menos de passear de barco e esperar pela sua vez na fila do banco. Desgostam mais ou menos de serem chamados à atenção e de meter o nariz onde são chamados.
Desde os primórdios até ao verão de 2005 reuniram 0 medalhas de ouro e 1 corridela de pano no Tetro Sá-da-Bandeira, mas nunca se gabam disso nas reuniões do condomínio. Nenhum dos membros tem filhos com o mesmo último nome, nenhum deles usa água-de-colónia, nenhum deles estudou sapateado, nenhum deles tira os sapatos antes de subir a palco ou maca.Todos eles se apaixonam facilmente por uma donzela que venha a janela, todos eles adoram deixar cair objectos à beira de umas boas mini-saias (ex: secção de roupa de senhora dos Armazéns Marques & Soares), todos eles fazem sapateado em palco, todos eles sabem construir tipis e totens, caso necesário.
Em caso de interesse ou desinteresse, ligue o 93876783X ou o 93876783X, respectivamente. Para outro tipo de situação, dirija-se a qualquer casa de banho pública com mais de dez anos,

P’la direcção de Apoio ao Cliente
___________________________h^»"

Isto é um roubo descarado, mas eles de certeza que não querem saber.

Uma lição de subversão, ou como as coisas nem sempre são o que parecem.

Abençoados sejam os espíritos livres. Deles é o reino dos céus.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aleluia!!

maximum morsae disse...

Perdido no éter, sem saber como, tropecei com este blog e este post. So queria anunciar que a Vinicultuna apoia o roubo da propriedade intelectual para fims de exposição e desordem publica. O resto é convosco. Amem.