"Para muitos de nós, metaforicamente é claro, a solução foi a Cave, o subterrâneo, porque no Sotão está construída a solidão e um mundo inseguro, habitado por desconhecidos violentos, em que, aparentemente, não nos conseguimos integrar.
[...] Jorge Araújo metaforiza no seu conto de final feliz a mais que justa expectativa da nossa geração [os quarentões...]. Na consciência do convívio com as ruínas de uma cidade antiga, de um mundo desaparecido, na impossibilidade repetida de viver em sociedade, os mais jovens têm a coragem de partir e fazer, de novo, da partida um modo de vida espiritualmente apaziguador. O amor de explosão inexplicável volta a ser o vínculo essencial, o anel libertador, a própria vida do amor, e é visto como uma viagem numa embarcação largada ao vento."
Pedro Ayres Magalhães, no posfácio de "Nem tudo começa com um beijo" de Jorge Araújo, com ilustrações de Pedro Pereira.
Só para aqueles que durante uma tarde - o que dura o livrinho - não se importam, ou não têm medo, de voltar a ser criança.
2 comentários:
Os contos com "fianl feliz" têm as suas incorrecções, essencialmente presas na ausência de realidade que os "fins" propriciam face a agressividade real. Permitem-nos no entanto esquecer por alguns segundos essa mesma dureza, e isso é terrivelmente precisoso.
Por outro lado, o cair na realidade torna-se muito mais difícil...especialmente quando toda e qualquer acção para melhorar a vida se mostra inútil, simplesmente por não depender das acções do próprio.
Toda e qualquer obra que suscite emoções é perigosa, cabe-nos a nós calcular o benefício do risco. Eu optei por viver na insensibilidade, recusando toda e qualquer emoção (por motivos que só a mim me dizem respeito) embora reconheça o erro que isso é, mas nem sempre somos que queremos ser.
Mas não fugindo ao tema, qualquer livro deve ser lido: bom, mau, útil, inútil. Com ou sem emoção associada à leitura já depende de cada um.
Agora já sei pq é q o sr. oferece livros... :)*
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