As ruínas, com o acúmulo do tempo de abandono, deixam de ser recuperáveis e passam a ser "não-lugares sem memórias". Para muitos, tais não-lugares passam a não ter sentido e a ser desnecessários, o que legitima o acto destruidor como condenação inevitável. (...) Tornaram-se massa disforme, obsoleta, inóspita, por vezes até agressiva da paisagem envolvente: isto é, retiraram-lhe as valências que lhe justificavam o ser, antes de razões-outras conduzirem ao abandono e à inevitável transformação. É um método infalível para se decretar a morte.
Vítor Serrão. Portugal em ruínas. Uma história cripto-artística do património construído, 2014.
Sobre duas viagens de comboio, um apartamento pré-fabricado mas com o encanto daquele pé direito, a inscrição, as ruínas, a antropologia da modernidade, uma aula, morangos deixados cortados num frigorífico, um passeio ao fim do dia, um livro comprado no Pingo Doce (sem ser aberto) e uma conversa num arraial, ainda um regresso a casa por um caminho que eu não sabia que existia. Não é complexo: é a vida e está tudo bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário