Numa primeira instância, interessa-me a minha relação com o espaço, não estou a pensar em narrativa alguma – não preciso de um corredor porque o herói vai passar por um corredor. É isso que faz com que um espaço adquira uma presença e uma realidade. Só no segundo momento é que pensei no actor Filipe Duarte naquele espaço. Mas não sou senhor daquilo que sinto. Fica uma espécie de enigma com o qual vou trabalhando. Há planos em A Vida Invisível que são planos de um filme secreto, de um outro filme, que eu rodei para além daquele que estava a rodar, e que só depois, ao serem integrados, adquiriram sentido. Aconteceu muitas vezes a cena estar a ser feita num determinado sítio e eu pegar na câmara para filmar, por exemplo, árvores noutro sítio. É como se estivesse a filmar com o sentido em movimento, filmo nesse território.
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