sábado, outubro 20, 2012

O quarto

Morrer, porém, não é fácil,
ficam sombras nem sequer as nossas,
e a nossa voz fala-nos
numa língua estrangeira.

Apaga a luz e vira-te para o outro lado
e acorda amanhã como novo,
barba impecavelmente feita,
o dia um sonho sólido onde a noite se limpa e se deita.


Como se Desenha uma Casa (Assírio & Alvim, 2011).

Manuel António Pina, 1943-2012.

1 comentário:

pedro manuel magalhães de andrade disse...

ou da repetição dos dias.
cheers