Desde criança, tive a tendência para crear um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (Não sei, bem entendido, se realmente não existiram ou se sou eu que não existo. Nestas coisas, como em todas, não devemos ser dogmáticos). Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu, me lembro de precisar mentalmente, em figura, movimentos, carácter e história, várias figuras irreais que eram para mim tão visíveis e minhas como d'aquilo a que chamamos, por ventura abusivamente, a vida real.
Fernando Pessoa, Escritos sobre Génio e Loucura, em carta a Casais Monteiro.
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